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Patrícia Baisso: Quando os pais são infantis

Todos nós adultos carregamos restos de nossa infância, na verdade uma vida plenamente adulta não passa de uma ilusão.

Muitas vezes e em muitas áreas da vida nos sentimos desamparados, ciumentos, birrentos, impulsivos e angustiados, tal como crianças de cinco anos.

Quer ver um clássico exemplo de regressão?




Coloque 30 adultos numa sala de aula para um curso qualquer, em pouco tempo a pose madura desaparece e vão aparecer pessoas conversando durante a aula, colando na hora da prova, fazendo panelinha e até excluindo o colega nerd. 

A cena parece mesmo engraçada, não é? 

Embora todos nós fiquemos presos de vez em quando na Terra do Nunca, tem determinadas situações onde ser infantilizado pode causar grandes estragos.

Ao nos tornarmos pais temos de gradativamente nos posicionar como adultos e maduros para que nossa criança sinta-se verdadeiramente segura. 

O grande problema é que alguns pais ficam tão regredidos em determinadas situações, que causam a seus filhos danos devastadores.

As situações mais comuns em que adultos esquecem sua função de proteger seus filhos são quando se apresentam crises nos casamentos. 

Brigas intermináveis e cruéis acontecem ao alcance dos olhos da pequena criança e mais grave: muitas vezes a criança é usada pelos pais para mediar situações ou atacar um ao outro.

Perdi a conta de quantas vezes vi a posição invertida: pais desgovernados em suas vidas sendo acolhidos e salvos por seus filhos.

Lidar com problemas de adultos ainda na infância pode imprimir marcas depressivas difíceis de apagar.

A baixaria ainda piora quando os pais se separam e usam as criança para fiscalizar a vida um do outro e levar e trazer recados.

Briga pela guarda então! Não existe nada tão devastador e passível de gerar culpa do que viver exigido por uma disputa legal. A criança fica submetida à uma culpa constante de ter de escolher com quem ficar.

Eu poderia fazer uma lista interminável de criancices que pais são capazes de fazer, mas vou arriscar só mais algumas: mãe de adolescente que quer usar as roupas da filha, uso do filho para agredir parentes que lhe desagradam, ignorar ou ficar sem falar com a criança se ela desobedece, etc.

A verdade é que a quantidade crescente de depressão entre os mais jovens tem a ver com esse desamparo por parte dos pais. Se eu não mostro força e segurança ao meu filho, se eu ajo impulsivamente e sem bom senso, meus filhos se sentirão muito frágeis, tristes e incapazes de enfrentar os desafios da vida. 

Ser adulto significa se portar como um, principalmente com os filhos, protegendo-os, mostrando sensatez, equilíbrio e amor.

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Patrícia Sacomano Baisso formou-se em pedagogia em 1999 pela PUC-SP e trabalha há mais de quinze anos como psicopedagoga, atendendo crianças com dificuldade de aprendizagem e suas famílias. Patricia atende em seu consultório em Aldeia da Serra (Av. Mirim, 32 – Tel: (11) 4192-4394).




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